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Por José António Lima
PORTUGAL ESCAPOU à nuvem de cinza vulcânica islandesa, mas viu as nuvens negras da desconfiança internacional adensarem-se perigosamente sobre o endividamento da economia do país. Foi uma semana de cortar a respiração. Que começou com o Presidente checo, Vaclav Klaus, a dizer na cara de Cavaco Silva que se sentia «muito surpreendido por Portugal não estar nervoso com o seu défice». E continuou com economistas como Joseph Stiglitz a afirmar que «não se pode excluir a hipótese de falência em países na situação de Portugal», ou como Simon Johnson a considerar que «Portugal e Grécia estão, em termos económicos, na vertigem da bancarrota e ambos parecem mais arriscados do que a Argentina em 2001».
Ao muito que esta semana se escreveu e agoirou sobre Portugal, respondeu o ministro Teixeira dos Santos que eram «disparates sem fundamentação sólida, reveladores de ignorância». Secundado pelo impenitente ministro Silva Pereira, ao insistir na necessidade de «grandes projectos de investimento», como o TGV, que viu já aprovada a primeira das linhas, de ligação a Madrid. O que permite comentários como o de Simon Johnson: «Temo que o Governo português esteja em estado de negação».
Já o novo PSD de Passos Coelho, no momento em que se tornou convicção generalizada a obrigatoriedade, ainda em 2010, de medidas adicionais de contenção, surgiu a contestar o aumento da carga fiscal incluído no PEC. E a propor um conjunto de medidas avulsas (que vão da poupança no Estado em licenças de software, à sempre falada centralização na compra de bens e serviços ou à redução de gastos em comunicações), com as quais promete – certamente por um golpe de magia – reduzir a despesa pública em «1.600 milhões de euros anuais». Sem esquecer que, com um estalar de dedos, também se podem poupar num ano «3.500 milhões de euros» de desperdícios na área da Saúde. O amadorismo político e a superficialidade apressada deste ‘Plano B’ do PSD fazem pensar que o B é o equivalente de Banalidades. Ou de Bagatelas.
Entretanto, as taxas de juro dos financiamentos a Portugal continuam a subir nos mercados internacionais e o relatório do FMI coloca Portugal logo a seguir à Grécia quanto ao risco de instabilidade financeira. Parecem, pois, ser múltiplas as razões para estarmos nervosos. Como diria Vaclav Klaus.
.Por José António Lima
PORTUGAL ESCAPOU à nuvem de cinza vulcânica islandesa, mas viu as nuvens negras da desconfiança internacional adensarem-se perigosamente sobre o endividamento da economia do país. Foi uma semana de cortar a respiração. Que começou com o Presidente checo, Vaclav Klaus, a dizer na cara de Cavaco Silva que se sentia «muito surpreendido por Portugal não estar nervoso com o seu défice». E continuou com economistas como Joseph Stiglitz a afirmar que «não se pode excluir a hipótese de falência em países na situação de Portugal», ou como Simon Johnson a considerar que «Portugal e Grécia estão, em termos económicos, na vertigem da bancarrota e ambos parecem mais arriscados do que a Argentina em 2001».
Ao muito que esta semana se escreveu e agoirou sobre Portugal, respondeu o ministro Teixeira dos Santos que eram «disparates sem fundamentação sólida, reveladores de ignorância». Secundado pelo impenitente ministro Silva Pereira, ao insistir na necessidade de «grandes projectos de investimento», como o TGV, que viu já aprovada a primeira das linhas, de ligação a Madrid. O que permite comentários como o de Simon Johnson: «Temo que o Governo português esteja em estado de negação».
Já o novo PSD de Passos Coelho, no momento em que se tornou convicção generalizada a obrigatoriedade, ainda em 2010, de medidas adicionais de contenção, surgiu a contestar o aumento da carga fiscal incluído no PEC. E a propor um conjunto de medidas avulsas (que vão da poupança no Estado em licenças de software, à sempre falada centralização na compra de bens e serviços ou à redução de gastos em comunicações), com as quais promete – certamente por um golpe de magia – reduzir a despesa pública em «1.600 milhões de euros anuais». Sem esquecer que, com um estalar de dedos, também se podem poupar num ano «3.500 milhões de euros» de desperdícios na área da Saúde. O amadorismo político e a superficialidade apressada deste ‘Plano B’ do PSD fazem pensar que o B é o equivalente de Banalidades. Ou de Bagatelas.
Entretanto, as taxas de juro dos financiamentos a Portugal continuam a subir nos mercados internacionais e o relatório do FMI coloca Portugal logo a seguir à Grécia quanto ao risco de instabilidade financeira. Parecem, pois, ser múltiplas as razões para estarmos nervosos. Como diria Vaclav Klaus.
«SOL» de 23 Abr 10