terça-feira, 6 de abril de 2010

Vamos amar-nos?

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Por Rui Zink

SE HÁ COISA EM QUE O PC TEM RAZÃO é que o Sol quando brilha é para todos nós. Até ver, certo. Mas por enquanto é uma das coisas boas (e gratuitas) que há em Portugal. Ainda me lembro do tempo em que se podia entrar numa leitaria e pedir um copo de água, sem ter de pagar um euro e tal. Lá chegará a altura em que o próprio Sol será pago, mas… ainda não chegou. E com o Sol vem a Primavera, e as flores e os passarinhos, e os coelhinhos ululantes e as rolas arfantes. E o amor, claro, pode lá viver-se sem amor, sobretudo em Portugal.

Eu hoje tinha planeado dizer uma ou duas coisas de esquerda, até para tirar a poeira às minhas ideias de esquerda, mas não é preciso. Para quê, se agora até já o PSD é de esquerda? Para quê, se em todos os jornais directores e cronistas zurzem com indignação os “salários obscenos” (sic) dos gestores & administradores portugueses? Para quê eu levantar a lebre, se são os próprios neo-liberais que já se chocam com os “prémios de má gestão”, exigindo antes Solidariedade em nome da “coesão social”? É bonito. E é estranho: para onde foram os que, há apenas meses, se queixavam da “Inveja” como o Grande Mal português? Sei que não morreram, mas andam metidos na toca. Ora bem, já que não é preciso eu falar disto, falo então do amor. A Primavera está aí, o Sol brilha para todos nós (sim, já disse, mas soa tão bem…), só há uma coisa a fazermos: amarmo-nos uns aos outros. Não digo espiritualmente, isso é bom para o Inverno, digo darmos mesmo o corpinho ao manifesto.

Vá, então, arranje alguém para namorar. Ou, se o seu problema for a timidez, consulte os classificados. Um dos lados bons do desemprego é que passa a haver mais gente a oferecer serviços íntimos (logo, os preços baixam). É assim que funciona a economia. Já sei, está a perguntar: “Então e se eu não tiver dinheiro para alugar o amor de que necessito (e que mereço)?” Nada de pânico. Neste caso a solução é sermos nós mesmos a pôr o anúncio, e assim até ganhamos uns cobres. Seja como for, vamos amar-nos?
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In Metro