segunda-feira, 12 de abril de 2010

Filme

.
Por João Paulo Guerra

O caso do jovem de 12 anos que morreu nos arredores de Mirandela, afogado nas águas do rio Tua, desde as primeiras notícias se apresentou turvado por relatos emocionais e sensacionalistas.

MAS DEPOIS entrou em cena a Inspecção-Geral da Educação e de uma penada, ouvidos os pais, professores e colegas do desditoso miúdo, decidiu administrativa e rapidamente, e em força, que a escola não teve qualquer culpa na morte da criança e que esta não era vítima de agressões físicas ou psicológicas frequentes por parte dos colegas. Mas quando já se temia que a culpa pela trágica morte de uma criança viesse a morrer solteira - uma expressão bem portuguesa - eis que a Câmara Municipal de Mirandela, que tutela o pessoal não docente da escola que a criança frequentava, descobriu que pode ter havido falha humana. E ao fundo da escala de hipotéticas responsabilidades pelo trágico acontecimento pode estar... um porteiro da Escola EB 2,3 Luciano Cordeiro, de Mirandela.

O cenário está assim traçado. Caso o processo de averiguações instaurado pela Câmara de Mirandela prove que a criança saiu da escola por omissão ou negligência do porteiro, este será expulso da Função Pública pela autarquia. Caso o inquérito conclua que é a escola que não tem regras definidas e peremptórias sobre saídas do espaço do estabelecimento, as conclusões serão remetidas ao Ministério da Educação ao qual caberá agir em conformidade. Ou seja: o próprio Ministério ou a Direcção Regional de Educação poderão recomendar o reforço das condições de segurança na Escola Luciano Cordeiro, o arranjo dos buracos nas vedações de rede, o controlo mais apertado das entradas e saídas pelo portão.

Onde é que os portugueses já viram este filme? Em qualquer instituição perto de si.
.
«DE» de 12 Abr 10