quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Operações

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Por João Paulo Guerra

NÃO SEI SE A PJ ou o Ministério Público têm alguma brigada criativa para baptizar as operações que desencadeiam. Certo é que no vastíssimo rol de acções de investigação judicial e policial chegam à opinião pública nomes de código que revelam grande criatividade. A “Face Oculta”, que visa desmascarar a influência das sucatas na administração, não parece ser um sucedâneo da operação “Império da Sucata”, que há dois anos vasculhou a contabilidade de 17 suspeitos de lesarem o Fisco através de facturas falsas. Mas quanto a lesar o Fisco, a operação “Furacão” varre todos os sectores.

As designações vão do mais óbvio – operações “Pato Bravo”, “Mandarim”, “Apito Dourado” ou “Self-Service” – ao mais imaginativo. Em Março de 2007, a PJ desencadeou a operação “Phalanx”, o nome de um canhão, investigando a aquisição de material de guerra para a Marinha. E os nomes de código chegam mesmo por vezes à literatura, como foi o caso da operação “Cerro Maior”, embora a apreensão de armas na Cova da Moura não tivesse relação com o romance de Manuel da Fonseca.

À investigação sobre alegadas fraudes na Orquestra Metropolitana de Lisboa a PJ chamou obviamente operação “Partitura”, assim como a operação “Dr. Doolitle” teve a ver com a Direcção-Geral de Veterinária. Já a operação “Moneypenny” não estava relacionada com a detecção de algum 007, mas com o branqueamento de dinheiro. E se a operação “Noite Branca” tem por alvo o ‘gansterismo’ nas noites da Ribeira, a operação “Coruja” trouxe à luz do dia o tráfico de armas associado ao tráfico de droga. Mas quem dirá que a operação “Ghostbuster” tem por alvo o crime informático?

Com tanta e tão variada cirurgia só falta mesmo em Portugal uma operação “Limpeza Geral”.

«DE» de 16 Nov 09