Por João Paulo Guerra
O CHAMADO processo Casa Pia chega hoje não ao fim mas, quando muito, ao início de uma nova fase que ameaça ser tão delongada como a que ficou para trás.
O processo em julgamento leva oito anos mas em Portugal não se faz justiça: vai-se fazendo uma coisa vagamente parecida. Entretanto, as vítimas não deixaram de ser vítimas, embora aviltantemente ressarcidas em metal sonante, enquanto os arguidos passaram à categoria de condenados no inquisitório tribunal da opinião pública. A justiça em Portugal admite e permite tudo isto.
Ao fim de oito anos de desenvolvimento do processo persistem alguns mistérios na investigação do hediondo crime da pedofilia em Portugal. O primeiro, que nasce com o próprio processo, é o mistério dos nomes, referidos quer por alegadas vítimas quer por supostas testemunhas, que jamais foram investigados. O facto fez e faz pairar dúvidas de encobrimento desde o início sobre o processo. A investigação definiu um ‘casting' de discretos arguidos, apenas com um mediático cabeça de cartaz, e ficou por aí. E assim, ao contrário de todos os demais países onde se revelaram e investigaram casos de pedofilia, em Portugal não há no leque dos acusados representantes de sectores da sociedade como sejam a política, a magistratura, a religião. Ao mesmo tempo, uma simples suspeita, não confirmada em acusação, permitiu a decapitação do que à época era o principal partido da oposição.
Na politização do processo cruzam-se todos os mistérios e movimentam-se todas as figuras que de um dia para o outro descobriram esta causa pia e se graduaram em grandes arautos da defesa das vítimas, passando a colaborar decisivamente com a investigação policial.
Esta sexta-feira começa nova fase do caso. Mas há dúvidas que jamais transitarão em julgado.
.O CHAMADO processo Casa Pia chega hoje não ao fim mas, quando muito, ao início de uma nova fase que ameaça ser tão delongada como a que ficou para trás.
O processo em julgamento leva oito anos mas em Portugal não se faz justiça: vai-se fazendo uma coisa vagamente parecida. Entretanto, as vítimas não deixaram de ser vítimas, embora aviltantemente ressarcidas em metal sonante, enquanto os arguidos passaram à categoria de condenados no inquisitório tribunal da opinião pública. A justiça em Portugal admite e permite tudo isto.
Ao fim de oito anos de desenvolvimento do processo persistem alguns mistérios na investigação do hediondo crime da pedofilia em Portugal. O primeiro, que nasce com o próprio processo, é o mistério dos nomes, referidos quer por alegadas vítimas quer por supostas testemunhas, que jamais foram investigados. O facto fez e faz pairar dúvidas de encobrimento desde o início sobre o processo. A investigação definiu um ‘casting' de discretos arguidos, apenas com um mediático cabeça de cartaz, e ficou por aí. E assim, ao contrário de todos os demais países onde se revelaram e investigaram casos de pedofilia, em Portugal não há no leque dos acusados representantes de sectores da sociedade como sejam a política, a magistratura, a religião. Ao mesmo tempo, uma simples suspeita, não confirmada em acusação, permitiu a decapitação do que à época era o principal partido da oposição.
Na politização do processo cruzam-se todos os mistérios e movimentam-se todas as figuras que de um dia para o outro descobriram esta causa pia e se graduaram em grandes arautos da defesa das vítimas, passando a colaborar decisivamente com a investigação policial.
Esta sexta-feira começa nova fase do caso. Mas há dúvidas que jamais transitarão em julgado.
«DE» de 3 Set 10