sexta-feira, 24 de setembro de 2010

«Dito & Feito»

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Por José António Lima

O ESTADO SOCIAL tornou-se a última bandeira de um poder socialista que continua, irresponsável e alegremente, a afundar o Estado num endividamento galopante a caminho da insolvência.

«A agenda do Governo é promover e defender o Estado social», insiste José Sócrates, dia sim dia não, ao mesmo tempo que vê as dívidas de 15 empresas públicas (da Refer aos CTT, do Metro à Estradas de Portugal) chegarem quase a uns incomportáveis 20 mil milhões de euros.

Enquanto vê os juros da dívida portuguesa baterem recordes à grega nos mercados internacionais. E enquanto se mostra incapaz sequer de reduzir a imparável despesa pública na execução orçamental de 2010.

À falta de melhor, também Manuel Alegre elegeu «o Estado social» como ideia central da sua campanha para Belém. Alegre quer o Estado social para salvaguardar «a segurança no trabalho e o apoio no desemprego».

Mas o Governo de Sócrates, além de apresentar uma folha de 600 mil desempregados, cortou nos apoios sociais ao subsídio de desemprego ou ao rendimento social de inserção, entre outros. Alegre exige um Estado social em defesa «da Saúde e da Educação públicas» e contra «a aplicação de políticas que agravam as desigualdades, de políticas anti-sociais que são um retrocesso civilizacional».

Mas o Governo de Sócrates obriga os idosos mais necessitados a deixarem de ter medicamentos grátis, fecha centenas de escolas por todo o país, aplica portagens em todas as SCUT com mais ou menos desigualdades, agrava fiscalmente as pensões dos reformados. Como se vê, o Estado social dá para tudo. Alegre e Sócrates poderiam, pelo menos, entender-se.

Já a Ministra da Cultura, Gabriela Canavilhas, com a franqueza e a liberdade de expressão próprias de uma outsider no Governo, veio há dias declarar que «o Estado social está em colapso há décadas na Europa. Não é um problema português».

Sócrates e Alegre, cada um a seu modo, empunham, pois, uma bandeira que há muito entrou em colapso na Europa, segundo diz a ministra. E não deixa de ter a sua graça ver o silêncio e o embaraço do PS oficialista que se abateu sobre as palavras de Canavilhas.
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«SOL» de 24 Set 10