sábado, 11 de setembro de 2010

História parva ou talvez não

Por Ferreira Fernandes

FOI ABERTURA, ontem, no site da CNN e já dias antes tinha sido reportagem no New York Times. Assunto banal no Iraque, um carro armadilhado alerta um posto de controlo, gritos de "bomba!, bomba!", os militares iraquianos cercam o nervoso condutor e todos fogem da viatura. O raro são as imagens - geralmente os cameramen chegam só depois do carro explodido e corpos ensanguentados. Mais raro ainda, não há imagens de um só caso, mas de vários. Como se os cameramen estivessem prevenidos… Na verdade, estavam. Mais: eram os instigadores. Mas não, não eram terroristas, eram simples brincalhões. Pertenciam a um programa humorístico da estação televisiva Al-Baghdadia e filmavam "apanhados" em que os assustados condutores eram gente famosa. E únicos desconhecedores de que tudo não passava de piada. Os próprios soldados do checkpoint estavam a par da tramóia, que se converteu no programa mais popular do Ramadão, período em que as audiências televisivas sobem em flecha. Um dos "apanhados" mostrados na CNN, o actor Jassim Sharaf, acabou por rir da cena. Mas, como "apanhado", ele foi um homem aterrorizado, que tirou os sapatos para mostrar aos soldados e implorou que acreditassem na sua inocência. Há duas conclusões disto. 1) O género humano é parvo. 2) Felizmente, o género humano é parvo, o que o permite ter a resiliência para sobreviver ao dia-a-dia das guerras.
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«DN» de 10 Set 10