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Por João Paulo Guerra
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O turco Mehmet Ali Agca, que cumpriu pena de prisão por tentativa de assassínio do papa João Paulo II, em 1981, pena acrescida por outra respeitante ao homicídio de um jornalista, em 1979, anunciou que já meteu os papéis para obter a nacionalidade portuguesa.
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VEJAM BEM A FAMA de Portugal, da situação e da Justiça portuguesas. Que honra!
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Ali Agca, antigo membro do bando terrorista nazi "Lobos Cinzentos", cumpriu 19 anos de prisão efectiva em Itália e mais cinco na Turquia, saindo em liberdade condicional em 2006. Em Portugal e sendo português, se tivesse alguma vez chegado a ser preso, nunca teria cumprido tanto tempo de prisão. As penas para os crimes mais medonhos são de 25 anos, que também é o tecto do cúmulo jurídico, e não deve haver um único caso de cumprimento integral de uma pena de cadeia. Por essa e por outras razões, o cadastrado Mehmet Ali Agca descobriu agora a sua irreprimível vocação portuguesa.
Ali Agca, antigo membro do bando terrorista nazi "Lobos Cinzentos", cumpriu 19 anos de prisão efectiva em Itália e mais cinco na Turquia, saindo em liberdade condicional em 2006. Em Portugal e sendo português, se tivesse alguma vez chegado a ser preso, nunca teria cumprido tanto tempo de prisão. As penas para os crimes mais medonhos são de 25 anos, que também é o tecto do cúmulo jurídico, e não deve haver um único caso de cumprimento integral de uma pena de cadeia. Por essa e por outras razões, o cadastrado Mehmet Ali Agca descobriu agora a sua irreprimível vocação portuguesa.
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De facto, para alguns espíritos tão mal formados como mal informados, Portugal pode parecer um paraíso na Terra, onde alguns delinquentes financeiros recebem chorudos apoios do Estado, certos processos judiciais hibernam ou prescrevem à pressão, há crimes que compensam e compensações, como o enriquecimento ilícito, que nem sequer são crimes, a justiça exerce-se em segredo e o segredo de justiça tem fugas perfeitamente organizadas e controladas, o tráfico de influências e a cumplicidade são modalidades instaladas para escapatórias e delongas, as leis têm mais buracos que um queijo suíço, os polícias prendem para as estatísticas e depois deixam os criminosos em paz. E, como se tudo isto não bastasse, há sempre a hipótese da cereja no cimo do bolo: um convite para um patusco congresso num destino exótico.
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«DE» de 15 de Maio de 2009
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NOTA: Este texto é uma extensão do que está publicado no 'Sorumbático' [aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.