sábado, 11 de outubro de 2008

Pôr isto na ordem

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Por Antunes Ferreira
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JARDIM VEM PARA LISBOA! De acordo com o Correio da Manhã e assinado por António Ribeiro Ferreira, o texto é de espantar. O senhor da Madeira não fará (faria) as coisas por menos. No princípio do ano que vem desembarcará (desembarcaria) na Portela para pôr esta trampa na ordem. A linguagem não a escreve ARF – mas, não parece difícil, seria a utilizada pelo zulu funchalense. Ou não foi disfarçado assim que Alberto João desfilou num dos carnavais insulares?
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Não gosto dos métodos do jornalista do CM. Aliás, também não simpatizo com as posições que assume. Estou nos antípodas, até. Tenho para mim que o fundamentalismo é sempre de apostrofar e ele, Ribeiro Ferreira, é um denodado militante nesse contexto – e noutros. Que nestes últimos o seja, tanto se me dá, como se me deu. Já no que concerne à prática jornalística, aí, entendo, a roca fia mais fino.
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O artigo (?) ou a notícia (?), - qualquer que se use, arrepia-me os pelos da pele, pois aprendi na prática e na escola que opinião e notícia não se podem misturar – é especulativo. Sem tirar, nem pôr. Porém, diz o Povo, não há fumo sem fogo. As fontes de ARF devem ser, se não absolutamente fidedignas (expressão, ao que me parece, caída em desuso), pelo menos indiciatórias disso.
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Diz o autor que a futura chegada do patrão madeirense em Janeiro – não refere se acompanhado da charanga e dos trombeteiros, sempre muito oportunos e oportunistas nestes eventos universais, perdão, nacionais – terá (teria) como objectivos, primeiro, colocar um par de patins, quiçá em linha, na (ainda) líder laranja; segundo, enfrentar e derrotar, nas legislativas de 2009, o inimigo público, especialmente para ele, AJJ, José Sócrates, «a maior calamidade que se abateu sobre Portugal».
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Boas intenções. Para ele, Jardim, é óbvio. Mas, de excelentes intenções está o Inferno cheio… Mesmo assim, e dando de barato que o chefe madeirense virá (viria?) de espada afiada contra o diabólico primeiro-ministro, e tudo que vier (viesse) à rede, nessa cruzada, claro, era peixe – no caso vertente, espada preto que dá uns filetes de chorar por mais – Belzebu que se pusesse a pau. Nunca fiando em entusiasmos tsunâmicos.
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Está, pois, montado o show jardínico. Se fosse necessário atirar mais achas para a fogueira, Ribeiro Ferreira poderia muito bem ser processado por incendiário contumaz. De acordo com o que escreveu, irá (iria) ser o vendaval político do ano vindouro. A que não faltarão (faltariam) condimentos, desde um Rui Rio qb, para apimentar o cenário.
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Isto porque, dada a fragilidade inconsequente de Manuela Ferreira Leite existirá (existiria) «a possibilidade de Rui Rio ser obrigado a saltar para a ribalta da luta política e assumir as suas responsabilidades de eterno desejado para presidente dos sociais-democratas. Neste caso, a luta seria entre Jardim e Rio e abria-se um novo problema na Câmara do Porto, muito embora seja admissível que, no caso de Jardim vencer, Rio possa recandidatar-se. Uma coisa é certa: João Jardim está farto de Lisboa e vai descer à capital para pôr tudo na ordem e tentar derreter Sócrates nas eleições de 2009».
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Damas e cavalheiros: a dar crédito ao
correioindiscreto@correiomanha.pt, já nada será (seria) igual neste Contenente, com o triunfo do carnavaleiro presidente da RAM. Então é que se verá (veria) quem mandará (mandaria) por estas paragens. Que, sem dúvida para Alberto João, anda a precisar da mão forte que o meta nos carris, porque está descarrilado há demasiado tempo. Excelente desiderato. Para ele, madeirense, obviamenteSe for (fosse) assim, não faltarão (faltariam) os aplausos dos que adoram ser mandados, dos que gostam de levar nas orelhas, dos que preferem o chicote e a cenoura, dos que ainda estão a envelhecer no Restelo – com reformas de miséria, é claro. Força AJJ!
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NOTA: este texto é uma extensão do que está publicado no Sorumbático [aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.