sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Férias

.
Por Maria Filomena Mónica
.
SUSPEITAVA, mas não tinha a certeza. Agora, sei: ir de férias faz mal à saúde. Do que não estava consciente era de que regressar é pior. Aprendi isto em dois artigos, um deles publicado num jornal britânico e outro num português. A «síndrome dos descanso», como lhe chamam, traduz-se em resfriados, dores de cabeça, febres altas e dores musculares. Depois de ele próprio ter sido vítima, o Prof. Ad Vingerhoets, do Departamento do Psicologia da Universidade de Tilburgo, na Holanda, começou a investigar a doença, tendo reunido uma amostra de 1.800 indivíduos, após o que concluiu que 3% adoecia durante o período anual de repouso. Também a Doutora Anne MacGregor, directora da Clínica de Enxaquecas de Londres, notou que, ao cessarem o trabalho, muitos empregados adoeciam. Por seu lado, a Doutora Sarah Brewer, uma nutricionista, recordou que o remédio consistia na ingestão, antes de férias, de um compósito de vitaminas.
.
Estava eu a tentar adaptar-me a esta realidade, quando, há dias, descobri que 35% da população activa sofre da «síndrome pós-férias», a qual se manifesta em mudanças de humor, insónias, ansiedade, perda de apetite, irritabilidade e vómitos. Este estudo, feito pela Sociedade Espanhola de Medicina da Família e Comunitária, concluía que a doença afectava particularmente as mulheres, as quais teriam dificuldade em regressar ao emprego, uma vez que tal facto implicava uma duplicação do trabalho, o que se não verificava no caso dos homens. Uma vez em casa, estes limitar-se-iam a berrar pelo jantar, o que é reconfortante. Interrogada sobre a matéria, uma psicóloga portuguesa, Ana Raquel Bastos declarou que, «além da regulação do ritmo biológico ao trabalho é normal que haja alguma ansiedade», tendo, no entanto, advertido que a síndrome não durava. Mesmo sem ajuda especializada, afirmou, uma ou duas semanas depois do regresso, os doentes já estavam bons. Fiquei sem saber o que fazer. Na dúvida, conclui que o melhor era não sair: nem para o emprego, nem para férias.
.
Setembro de 2007

Sem comentários: