segunda-feira, 7 de junho de 2010

Façam férias nas guerras cá dentro

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Por Ferreira Fernandes

NO QUE CHAMOU "um apelo forte e veemente", Cavaco Silva pediu aos portugueses para fazerem "férias cá dentro". Lá fora, em Xangai, o ministro da Economia, Vieira da Silva, disse: "Só espero que os presidentes de outros países não façam o mesmo apelo, caso contrário perdemos uma fonte de receitas importante para o País." E lá se armou uma estrangeirinha. Vamos começar a semana a debater mais um conflito entre Belém e São Bento.

Eu sei que é no embate do sim com o não que damos dialecticamente um passo em frente. Mas não podiam ir fazer embates filosóficos para longe (lá fora de preferência)?

A proposta de Cavaco Silva é bem lembrada - tão boa como aquela proposta da sociedade civil convidando os outros portugueses a visitar os madeirenses, quando estes tiveram a recente tragédia. Aliás, a proposta de Cavaco Silva ainda é melhor porque mais fácil de executar (não pede para irmos a um sítio determinado, a Madeira, mas simplesmente para não irmos ao resto do mundo). Só tem um contra: para um desiderato nacional não podia ter havido, antes, acordo entre o Presidente e o Governo? Mas, não tendo havido e tendo sido o Governo apanhado na curva, porquê atacar uma boa proposta? Ainda por cima de forma errada: se Cavaco pode influenciar portugueses nos seus destinos de férias, não influencia os apelos dos "presidentes de outros países".
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«DN» de 7 Jun 10