terça-feira, 1 de junho de 2010

Contas

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Por João Paulo Guerra

QUATRO MESES após o lançamento da candidatura de Manuel Alegre à Presidência da República, o PS lá decidiu apoiar o socialista que está na corrida a Belém. E porquê?


Porque, como disse José Sócrates, o PS não poderia "decidir... não decidir". Não decidir, uma alternativa em cima da mesa, consistia em o PS dizer aos militantes e votantes que não se habilitava a ter voto na matéria.

Seria apenas absurdo e ridículo, não fosse dar-se o caso de os defensores de tão bizarra opção serem quadros do PS que não se têm cansado de elogiar a candidatura do presidente da AMI. Uma espécie de candidato Pintasilgo 2010: não é para ganhar, mas para impedir que alguém fique em posição de disputar a vitória. Muita coisa pode acontecer nas presidenciais. Mas já existe um derrotado. O dr. Fernando Nobre era até agora um homem de causas que emocionava muitos portugueses pela coragem e disponibilidade para ajudar os que sofrem, em qualquer parte do mundo. Desta vez, optou por ajudar os que, cá por casa, sofrem de dor de cotovelo.

Quanto ao apoio do PS à candidatura de Manuel Alegre, alguns socialistas terão andado a colocar areia na engrenagem para que, chegada a devida altura, a máquina não funcione. Primeiro porque já levaram a descrença a uma parte do próprio eleitorado. Segundo porque haverá eleitores que entendem a hesitação do PS como uma prévia declaração de voto de vencido. E depois porque o PS que sai por fim em apoio de Alegre é o mesmo que na semana passada surgiu de rastos na sondagem publicada pelo DE. Mas pode ser que se enganem.

Os resultados das presidenciais de 2006 provaram que há milhões de votos que não têm dono. A questão é entre os candidatos credíveis e a consciência dos eleitores. E no fim fazem-se as contas.
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«DE» de 1 Jun 10