Por Baptista Bastos
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A RTP1 RESOLVEU, anteontem, "pensar Portugal". É uma ideia comovente, tanto mais que o maciço conceito que lhe subjaz seria sugestivo, acaso, no nosso país, alguém pensasse no País. A política, aliás, porque de política se tratou, no programa de Fátima Campos Ferreira -, a política é uma actividade que sempre foi dirigida a um restrito número de homens. Nada de novo foi dito. Todos sabemos o lodaçal em que vamos sobrevivendo mas, ao que parece, ninguém sabe como nos vamos libertar.
A RTP1 RESOLVEU, anteontem, "pensar Portugal". É uma ideia comovente, tanto mais que o maciço conceito que lhe subjaz seria sugestivo, acaso, no nosso país, alguém pensasse no País. A política, aliás, porque de política se tratou, no programa de Fátima Campos Ferreira -, a política é uma actividade que sempre foi dirigida a um restrito número de homens. Nada de novo foi dito. Todos sabemos o lodaçal em que vamos sobrevivendo mas, ao que parece, ninguém sabe como nos vamos libertar.
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Foram repisados, com maior ou menor veemência, os problemas sufocantes, que estão a corroer o frágil edifício democrático português. E deveria, talvez, ser dito que a "importação da crise" resulta da natureza escabrosa do sistema, e de que a esquerda não encontrou, até agora, resposta para a superar, criando alternativas às que têm vigorado. A esquerda, essa que se diz "livre e democrática", não tem sido mais do que cúmplice e esteio do mais feroz capitalismo.
Foram repisados, com maior ou menor veemência, os problemas sufocantes, que estão a corroer o frágil edifício democrático português. E deveria, talvez, ser dito que a "importação da crise" resulta da natureza escabrosa do sistema, e de que a esquerda não encontrou, até agora, resposta para a superar, criando alternativas às que têm vigorado. A esquerda, essa que se diz "livre e democrática", não tem sido mais do que cúmplice e esteio do mais feroz capitalismo.
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A "credibilização das instituições", expressão utilizada por um dos convidados de Fátima Campos Ferreira, perdeu qualquer espécie de sentido. Há 30 anos que desfilam as mesmas caras, se ouvem as mesmas vozes, se lêem as mesmas frases com monótona aridez. O País é domado por um grupo sem prestígio mas com poder. Esperávamos um sistema, emergiu um domínio. A erupção do "bloco central de interesses" (ou seja: a divisão do bolo entre PS e PSD) assinala a degenerescência de Abril num atoleiro. Deixou de haver afinidades ideológicas e as convicções foram substituídas por uma cronologia contínua, destinada ao enriquecimento de alguns, e que encobre, afinal, as ausências de carácter e as trapalhadas das mudanças de partido.
A "credibilização das instituições", expressão utilizada por um dos convidados de Fátima Campos Ferreira, perdeu qualquer espécie de sentido. Há 30 anos que desfilam as mesmas caras, se ouvem as mesmas vozes, se lêem as mesmas frases com monótona aridez. O País é domado por um grupo sem prestígio mas com poder. Esperávamos um sistema, emergiu um domínio. A erupção do "bloco central de interesses" (ou seja: a divisão do bolo entre PS e PSD) assinala a degenerescência de Abril num atoleiro. Deixou de haver afinidades ideológicas e as convicções foram substituídas por uma cronologia contínua, destinada ao enriquecimento de alguns, e que encobre, afinal, as ausências de carácter e as trapalhadas das mudanças de partido.
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Os quatro presentes nos Prós e Contras são figuras com experiências próprias: Mário Soares, Anacoreta Correia, o reitor António Nóvoa e Leonor Beleza. Não percebi muito bem o que ali fazia aquela senhora. Mas isso não é relevante; talvez seja um equívoco. De todos, Soares foi o menos confuso em exprimir a sua actual cosmovisão política; Anacoreta, formal, cristão, exemplar, não ocultou a infinita tristeza que o percorre, ao discretear sobre o Portugal dos nossos dias; Nóvoa, talvez, o mais preocupado em denunciar o processo de mistificação em que vivemos; e Beleza, pessoalmente magoada com a justiça, contou umas historietas.
Os quatro presentes nos Prós e Contras são figuras com experiências próprias: Mário Soares, Anacoreta Correia, o reitor António Nóvoa e Leonor Beleza. Não percebi muito bem o que ali fazia aquela senhora. Mas isso não é relevante; talvez seja um equívoco. De todos, Soares foi o menos confuso em exprimir a sua actual cosmovisão política; Anacoreta, formal, cristão, exemplar, não ocultou a infinita tristeza que o percorre, ao discretear sobre o Portugal dos nossos dias; Nóvoa, talvez, o mais preocupado em denunciar o processo de mistificação em que vivemos; e Beleza, pessoalmente magoada com a justiça, contou umas historietas.
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De uma forma ou de outra foram graciosamente simpáticos. Os estudantes, na plateia, actuaram como possibilistas e admitiram, no todo, que a cultura dominante se baseava na repressão e na comédia dramática. A seguir, e agilmente, fui dormir, imbuído de limpidíssima serenidade.
.De uma forma ou de outra foram graciosamente simpáticos. Os estudantes, na plateia, actuaram como possibilistas e admitiram, no todo, que a cultura dominante se baseava na repressão e na comédia dramática. A seguir, e agilmente, fui dormir, imbuído de limpidíssima serenidade.
«DN» de 29 de Abril de 2009