sábado, 14 de fevereiro de 2009

A bomba da festa

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Por Antunes Ferreira
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«O ANTIGO DIRIGENTE DO PSD, Ângelo Correia, disse hoje (quinta-feira) que, se dependesse dele, a presidente do partido, Manuela Ferreira Leite, saía já amanhã da direcção social-democrata. Ainda assim, em entrevista ao Rádio Clube, sustentou que se devem cumprir as regras internas que definem os prazos a cumprir pela direcção (dois anos), pelo que pede apenas à actual líder que avalie se tem condições para se manter no cargo».
«Ângelo Correia, no programa Politicamente, apelou a Ferreira Leite que analise se tem condições para continuar à frente do PSD, na sequência nas sondagens negativas publicadas este mês e que apontam para uma nova descida do partido e da popularidade da líder».
«Para o antigo dirigente “é fundamental um líder ter uma boa equipa” e a actual não tem “virtualidades políticas suficientes”:
“Quem tem virtualidades políticas nesta equipa está silencioso e quem não tem fala de mais e estão outros que não têm nem uma coisa nem outra”, sublinhou. Segundo Ângelo Correia, Ferreira Leite “não beneficia com isso e a direcção do partido ressente-se”».
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Declaro, desde já e em abono da verdade, que o texto que antecede não foi escrito, muito menos publicado, por mim. É do Público. Mais declaro que, como é natural, não alinho com o Eng. Ângelo Correia. Declaro ainda que, como também é sabido, nada tenho a ver com o PPD/PSD, dado que sou militante do PS – ainda que, actualmente, sem grande nem pequena militância. Aliás, sem nenhuma.
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Sem pretender transformar este escrito num auto de declarações – e muito menos em auto de fé… - tenho ainda de aditar que não simpatizo com a Dr.ª Manuela Ferreira Leite. Vejam lá, desde os meus anos de liceu e, naturalmente, os dela, ainda que frequentássemos escolas diferentes, pois naquele tempo o chamado Estado Novo impunha a discriminação sexual no ensino. Tenho de ser mais objectivo: não gosto mesmo nada da Senhora. É dos livros: gostos não se discutem. Sim ou não, afasto o talvez.
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Mas, com mil macacos, a gente lá pelas bandas da Rua de São Caetano à Lapa podia abrandar os ataques à sua própria a líder (ainda?). Há tão pouco tempo que a elegeram e já parece que foi há séculos, dados o constante tiroteio interno que lhe é apontado. Manuela Ferreira Leite, para o Partido laranja, é um alvo. Precisando: é o alvo.
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Desde Luís Filipe Menezes até Ângelo Correia, passando por Marcelo Rebelo de Sousa e Pedro Passos Coelho, ela tornou-se, para além do alvo, a verdadeira bomba da festa dos sociais-democratas (?). Sem pretender copiar o ministro Augusto Santos Silva, «malham» nela, a torto e a direito. Um real «é fartar vilanagem», com todas as letras.
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O Baptista-Bastos acaba de escrever uma análise em que apelida Marcelo Rebelo de Sousa de lança-chamas. E os outros? Ia para escrever todos os outros, mas não pretendo ser mais papista do que o Papa. Há indefectíveis, como em toda a parte. Por vezes, poucos. Mas, bons. Serão bombardeiros de napalm?
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Dir-me-ão que também pelos frequentadores do largo do Rato as coisas não andam melhor. Que o Edmundo Pedro inclusive falou em medo dentro do partido. Penso que também não vão bem muitos dos meus camaradas socialistas. Mas, neste particular, limito-me a fazer minhas as palavras do Descartes – cogito, ergo sum. Que o mesmo é dizer - penso, logo existo.
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Porém, pelo andar da carruagem, no PSD é mais o dubito, ergo cogito, ergo sum. As dúvidas são incontáveis.
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NOTA: Este post é uma extensão do que está publicado no Sorumbático [aqui], onde eventuais comentários deverão ser afixados.