sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

2009? O pintão

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Por Antunes Ferreira
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O SAFADO JÁ TEM OS PÉS para a cova. Ali, ao virar da esquina, acaba-se. Mas, tal como sempre acontece, chegará outro, a fingir de novo. Raio de coisa. O Povo diz que depois de mim virá quem bom de mim fará. Logo, as perspectivas não são lisonjeiras, muito pelo contrário. Cuidado, pois, gentes. Se até o Sócrates se deu ao cuidado de alertar os Tugas para o que aí vem – mau será. Mau? Péssimo.
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Costuma ser por esta época que se faz a avaliação do velhote que esperneia. Costume que, desta feita, é difícil, senão mesmo quase impossível. É o fazes!?!?!? Mesmo sem condições, o Senhor Mário Nogueira não deixa. Porque isto de avaliações já deu o que tinha a dar, FENPROF dixit. Donde, nos estertores deste malfadado e decrépito 2008, não as há para ninguém. Quem sabe se no que se aproxima…
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Prognósticos para o vindouro, tal como eternizou o portista João Pinto, só no fim do jogo. Que, no caso vertente, é um viciado; esclareço: o jogo e o ano. Com o argumento da crise, o melhor é, desde já começar a contagem decrescente para cumprir rigorosa e escrupulosamente o alerta e a ordem – aos abrigos!
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Dizia a minha Avó materna, Maria da Ascensão Antunes, mulher de saberes (e de sabores, porque era uma excelentíssima cozinheira) que entre mortos e feridos, alguém há-de escapar. Santa e avisada Senhora. Anos pensei que a expressão era de sua autoria e, quando me apercebi de que não tinha copyright mas se tratava de citação, bem desanimado fiquei. Desanimado e até um tanto ao quanto desiludido. Não se podia acreditar em ninguém, naqueles tempos recuados? Ó diabo; nos dias que vão correndo, muito menos.
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Assim me encontro agora, na expectativa do muito espinhoso 2009 que está por aí a rebentar. Nunca dei, nunca dou e nunca darei conselhos a quem quer que seja. Nem aos meus três filhos, nem aos meus cinco netos, a ninguém. Advertências? Só em casos extremíssimos. Donde, raríssimas. Conto pelos dedos de uma mão e sobram-me, estou quase certo. Mas, o momento é o menos azado para hipóteses. Muito menos para interrogações, ainda pior para advertir o mais pintado. Ou o menos.
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Ocorre-me uma adivinha que vigorava quando era gaiato. Quem é o pior do Mundo? Sabia eu lá quem era o verdadeiro mau da fita, assim me parecia e assim imaginava. É o pintão. O pintão? Quem é esse tipo? E a resposta vinha acompanhada de risada, acentuando o som da palavra.
ning pior do que o pintam…
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Se não pode deixar de ser – e tudo indica que não pode – venha o miserável, que o esperam os miserandos. Porque no horizonte todos dizem que se descortina apenas – a miséria. E nesse particular, nem se pode invocar quem quer que seja. A dona Branca está de cana. E o mister Madoff para lá caminha. A crise, quando nasce, é para todos.