Por João Paulo Guerra
PORTUGAL ACABA de acrescentar mais um galardão à sua impressionante galeria de troféus: é o campeão europeu de perturbações mentais e ameaça mesmo o titular mundial, os EUA.
Certamente muitos portugueses gostariam de ser moscas, por momentos, para verem como reage a casta governante à sucessão de desaires para o País que ressaltam de todos os índices, indicadores, tabelas e catálogos que comparam Portugal ao mundo civilizado. Manterá a classe governante o sorriso postiço que exibe em público? Ficará consternada, condoída mas esquece rapidamente? Sentir-se-á envergonhada?
Os resultados do estudo nacional sobre saúde mental agora divulgados são medonhos. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica e quase metade já teve uma destas perturbações durante a vida. As doenças mais comuns são as ansiedades e as depressões. E como é que não hão-de andar ansiosos e deprimidos os portugueses? Os portugueses sobrevivem há décadas mergulhados numa crise da qual não se vê o fim mas apenas a crise seguinte, com mais, novos e mais duros sacrifícios, ao mesmo tempo que o mesmo País produz uma florescente casta de nababos que faz da ostentação o seu modo de afirmação. Campeões da desigualdade, recordistas da perda do poder de compra, atletas da precariedade, que se pode esperar da saúde mental deste povo?
Nos tempos do velho Botas assisti a uma cena memorável que agora me ocorre com frequência. Cruzaram-se, numa cidade estrangeira, um conhecido intelectual e um obscuro governante. O segundo cumprimentou o primeiro: "Talvez não me esteja a reconhecer mas eu sou membro do Governo de Portugal". Resposta pronta do José Carlos Ary dos Santos, com aquele vozeirão que atroava os ares: "E não tem vergonha?"
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«DE» de 25 Mar 10
PORTUGAL ACABA de acrescentar mais um galardão à sua impressionante galeria de troféus: é o campeão europeu de perturbações mentais e ameaça mesmo o titular mundial, os EUA.
Certamente muitos portugueses gostariam de ser moscas, por momentos, para verem como reage a casta governante à sucessão de desaires para o País que ressaltam de todos os índices, indicadores, tabelas e catálogos que comparam Portugal ao mundo civilizado. Manterá a classe governante o sorriso postiço que exibe em público? Ficará consternada, condoída mas esquece rapidamente? Sentir-se-á envergonhada?
Os resultados do estudo nacional sobre saúde mental agora divulgados são medonhos. No último ano, um em cada cinco portugueses sofreu de uma doença psiquiátrica e quase metade já teve uma destas perturbações durante a vida. As doenças mais comuns são as ansiedades e as depressões. E como é que não hão-de andar ansiosos e deprimidos os portugueses? Os portugueses sobrevivem há décadas mergulhados numa crise da qual não se vê o fim mas apenas a crise seguinte, com mais, novos e mais duros sacrifícios, ao mesmo tempo que o mesmo País produz uma florescente casta de nababos que faz da ostentação o seu modo de afirmação. Campeões da desigualdade, recordistas da perda do poder de compra, atletas da precariedade, que se pode esperar da saúde mental deste povo?
Nos tempos do velho Botas assisti a uma cena memorável que agora me ocorre com frequência. Cruzaram-se, numa cidade estrangeira, um conhecido intelectual e um obscuro governante. O segundo cumprimentou o primeiro: "Talvez não me esteja a reconhecer mas eu sou membro do Governo de Portugal". Resposta pronta do José Carlos Ary dos Santos, com aquele vozeirão que atroava os ares: "E não tem vergonha?"
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«DE» de 25 Mar 10