sábado, 20 de novembro de 2010

Ouro sobre azul

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Por Antunes Ferreira

O ANÚNCIO do casamento entre o príncipe William de Inglaterra e a sua namorada de longa data, Kate Middleton, teve enorme destaque na comunicação social por todo o Mundo e, naturalmente, na imprensa britânica, que lhe deu a importância que para o Reino Unido o futuro (e «esperado») enlace tem.

Quase todos os grandes jornais ingleses - incluindo o formal «Financial Times» - dedicaram as principais páginas ao casal, ilustrando as notícias com as fotografias de William e Kate, assim como do anel que oficializa o noivado, anunciado publicamente na terça-feira. «Finalmente chegámos lá, querida», titulou o «Daily Mail». O periódico referia-se desta maneira ao longo e por vezes atribulado romance entre dois jovens, que se tinham conhecido na universidade, em 2001.

A verdadeira instituição que é o «Times» apresentou ao público uma parangona simpática: «New Romantic», que aludia ao anel oferecido pelo príncipe William à namorada, uma safira rodeada por diamantes, que antes pertencera a Diana de Gales, mãe do noivo, que por sua vez o recebera das mãos do pai do príncipe, Carlos «o eterno sucessor adiado», por ocasião do pedido de casamento.

O tablóide «Daily Mirror»" classificou o casamento como «um momento brilhante para a história da realeza» e «um tributo comovente de um filho à mãe», Diana, que como se sabe morreu em 1997 num acidente de carro, em Paris. Outro diário, o « Sun» abriu a sua edição titulando «Com o anel da mãe, eu irei casar", frase escolhida para enfatizar a comparação entre os dois matrimónios.

Abreviando: um verdadeiro festival. Muitos dos órgãos da comunicação destacaram, também, as origens plebeias de Kate Middleton; o já citado «Sun» publicou que «Kate vai permitir-nos adaptar a monarquia ao século XXI". Já o «Times» referiu, no respectivo editorial: «Há momentos como este, em que a monarquia é renovada». Entretanto, o «Guardian», classificado como de centro-esquerda, preferiu colocar a tónica no momento de crise em que ocorreu o anúncio do casamento, pondo em título «Um casamento real em tempos de austeridade».

Mas, nestas alturas aparecem sempre os desmancha-prazeres. No caso, em Hong Kong, astrólogos chineses previram logo que casamento de William e Kate terminará em divórcio. Eles terão uma vida de casal muito difícil e, devido às infidelidades do marido, tudo terminará em divórcio.

«O casal terá graves problemas durante dez anos, depois do príncipe William completar 39 anos»", afirmou Anthony Cheng, mestre de feng shui de Hong Kong. O príncipe divorciar-se-á ou sofrerá um acidente, acrescentou. «Uma das duas coisas acontecerá. E se ele sofrer um acidente, será mortal», afirmou ainda. Mais uma comparação com o destino de Lady Di.

Feng shui é uma corrente de pensamento em que na relação yin/yang, os ideogramas Feng e Shui (respectivamente Vento - yang - e Água - yin ) representam o conhecimento das forças necessárias para conservar as influências positivas que supostamente estão presentes num espaço e redireccionar as negativas de modo a beneficiar os que a usam. Muito cuidado, portanto com o que previu Cheng.

Mas, nem tudo é uma desgraça anunciada. Em completa discordância com tais presságios terríveis, o astrólogo indiano Arun Kumar Bansal afirmou, por seu turno, que o futuro casal tem 24 pontos em 36 no teste da compatibilidade. «Eles desenvolverão uma relação cordial e não discutirão em público», sublinhou. Segundo ele, o único problema do casal serão os filhos, que demorarão a chegar.

Ainda só se anunciou a boda e já se fala em divórcio. Pelos vistos, a bola de cristal sobrevive. E nem tudo que parece é ouro; mesmo que seja sobre azul.