sábado, 17 de julho de 2010

Padres – só homens

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Por Antunes Ferreira

PARA A SANTA MADRE IGREJA, a tentativa de ordenação de mulheres é considerada como um crime grave que viola o sacramento da ordem. Isto mesmo constou de um conjunto de normas que, agora dado a público, não são novidades. Mas, apenas, e de acordo com um comunicado da Santa Sé, com a assinatura do Pe. Federico Lombardi, porta-voz do Vaticano, tão-só e apenas «incluir normas já em vigor» num ordenamento «mais orgânico» sobre os delitos cuja apreciação e julgamento são pertença da Congregação da Doutrina da Fé (CDF). Como é sabido é um verdadeiro braço armado da Igreja, ao qual presidia o cardeal Ratzinger, hoje Bento XVI.

Sobre este caso da ordenação de mulheres existia já um decreto da poderosa Congregação, datado de 2007. Trata-se de um verdadeiro cavalo de batalha do Catolicismo. Só os homens podem ser ordenados sacerdotes, e ponto final, parágrafo. E vem agora acentuar-se que a pena para este tipo de ordenações é a excomunhão latae sententiae (automática). E mais, para quem tenta conferir a ordenação e para a própria mulher que tenta receber a “ordem sagrada”.
O sexo fraco – expressão cada vez mais calina e imprópria – que se ponha a pau, portanto. A Católica, Apostólica e Romana não brinca em serviço. Caríssimas mulheres, muita atenção: essas tentativas pecaminosas já não levam à fogueira, mas quase. Ou seja, à excomunhão sem apelo, nem agravo. Por essas e por outras é que há quem chame à CDF a sucessora e herdeira da Santa Inquisição. Por mim, tenho como certa essa afirmação. Daí que, a ser possível, o fogo lavaria este crime grave. (As palavras são da própria Igreja).

Desde que a papisa Joana se meteu em trabalhos, de acordo com lenda que correu na Idade Média, as mulheres ficaram sob observação extrema por parte da Santa Sé. Conta-se que, dada a sua grande inteligência e preparação cultural, Joana se fez passar por monge, bispo e chegou a cardeal. No Conclave que se reuniu após a morte de Leão IV, seria eleita por unanimidade, tendo tomado o nome de João VII.

Porém, o imbróglio culminou com o parto de uma criança sua filha e de um oficial da Guarda Suíça, durante uma procissão a que ela/ele presidia. Um cronista do século XIII escreveu que os cardeais que tomavam parte na celebração terão reagido de imediato com um «milagre, milagre»! Mas, passada a ocorrência, parece que retiraram as exclamações e aproveitaram o ensejo para condenar a papisa à morte por apedrejamento. O Irão ainda hoje o faz, mas para casos de adúlteras…

Vladimir Ylyich Lenine, anticlerical conhecido e reconhecido, teria clamado, face a este comunicado da Congregação para a Doutrina da Fé, mulheres de todo o Mundo, uni-vos! E não seria caso para menos.