domingo, 11 de julho de 2010

E, no entanto, o mundo rebola

.
Por Ferreira Fernandes

NOS DEPORTOS, os Estados Unidos exerceram sempre a sua golden share. Chegou-lhes o cricket do estrangeiro e transformaram-no em basebol. Veio o râguebi e fizeram o futebol americano (nacionalização dupla: acabaram com as hipóteses locais do râguebi e registaram a palavra football, obrigando o legítimo a inventar nome esquisito, soccer)... Ao futebol, além do desvio do nome, empurram-no para um destino pouco viril, promovendo-o nas equipas femininas e insinuando que era desporto dos filhinhos de mamãs da classe média que não trabalham.
Em todo o mundo o futebol apareceu onde operários instalavam os cabos submarinos; nos EUA desapareceu porque nunca foi o desporto de quem usa fato-macaco. E assim nasceu um dos mistérios contemporâneos: como é que a pátria da globalização não adoptou o mais global dos fenómenos? Parecia assunto arrumado. Pois não é: hoje, no átrio principal da Grand Central Terminal, em Nova Iorque, a maior estação de comboios do mundo (e tão nossa conhecida por causa de Hollywood: Intriga Internacional, Cotton Club, O Príncipe das Marés...) haverá um ecrã gigante para o Espanha-Holanda. A última vez que um desporto o merecera foi nas World Series de 1996, nas finais do campeonato de basebol. Ele há sinais que valem mais do que prognósticos de polvo.
.
«DN» de 11 Jul 10