quinta-feira, 29 de julho de 2010

O interesse nacional

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Por João Duque

PENSAVAM OS ESPANHÓIS que conseguiam iludir-nos e que com o vil metal conseguiam arrumar o assunto da PT ferindo o interesse nacional? Estão muito enganados.

O interesse nacional da posição da PT na Vivo é inalienável e não se concebe que alguém venha alguma vez sequer aventar a hipótese do Estado português vir a conceber a venda, a ablação desse apêndice, absolutamente imprescindível para o nosso desenvolvimento.

Vender a Vivo seria como vender o Algarve aos espanhóis. Sem o Algarve não saberíamos para onde ir no Verão e que destino dar a Portugal.

Sem a Vivo, a PT não sabe para quem ligar e dizer "- Oi cara! Me liga, vá..." Por isso os accionistas da PT não devem brincar com coisas sérias que só o Estado e os que conhecem o valor do dinheiro estão em condições de decidir.

É óbvio que a PT sem a Vivo é uma coisa morta. Isso vê-se logo e só a inconsciência e a inconsequente imaginação dos accionistas que só vêem o lucro fácil e não têm em conta toda a realidade e a envolvente estratégica que a Vivo representa para Portugal é que permite sequer imaginar que Portugal se pode vergar aos arrogantes dos espanhóis, que para além de nos eliminarem do campeonato do mundo de futebol pensavam que vinham aqui, e assim sem mais nem menos, a troco de uns euros, iam levar a "nossa" metade da Vivo para Espanha! A Vivo não é Olivença!

Nunca! Nem por cima do nosso cadáver! Aliás, se alguma vez vendêssemos a Vivo pintaríamos a cara de preto! Demitíamo-nos, sei lá! Nem sei mais o que faríamos! Mas isso, nunca! É, ou não é, de Homem com "H" maiúsculo?

O quê? Mas eles ainda oferecem mais? E os accionistas estão assim tão furiosos se não vendermos? Vendo bem, de facto, o interesse nacional é o interesse de todos os portugueses, até dos portugueses accionistas... E vendo bem alguns são grandes empregadores nacionais e dispostos a investir no Brasil... Além disso um negócio desta natureza ainda vai trazer um aumento dos resultados da PT e por essa via um aumento da receita dos impostos... Ora, como vêem, é de todo o interesse, para bem de Portugal, do Brasil e da própria Espanha do nosso amigo Zapatero, que se faça o negócio e que, assim, Portugal e Espanha continuem amigos fraternos. A Vivo deve pois ser vendida a bem do interesse nacional!

Dirão os detractores do Governo de Portugal que nos vendemos por um prato de lentilhas... Mas francamente, meus senhores, se por via da negação anterior em Assembleia Geral, o país conseguiu mais 185 milhões de euros de valor actual líquido nas condições do negócio, então conseguimos um acréscimo de €18,5 por cada um dos 10 milhões de portugueses!

Mas o quê? O capital da PT não é português? Ai não? Ai afinal só 36% dos 185 milhões de euros é que são dos accionistas portugueses? Não faz mal. Mesmo assim ainda ficam 66,8 milhões caramba! É muito milhão!

É bom saber que o interesse nacional são €6,68 por português.
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«DE» de 29 Jul 10