sábado, 24 de julho de 2010

Gordos - uni-vos!

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Por Antunes Ferreira

GORDOS DE TODO O MUNDO - uni-vos! Unamo-nos! Estão, estamos, em alerta vermelho, grande risco, quase como o que é lançado pelo INMG face aos caloraços de Verão. Não é que se trate de um incêndio de dimensões escaldantes. Mas, também não é só fumaça, até porque, sabe-se bem, não há fumo sem fogo. Até o do cigarro. E, até os maços avisam em letras garrafais: FUMAR MATA.

A má-língua viperina afirma que um cidadão é gordo como um texugo, como uma bola, como uma jibóia, como um nabo, que nem um abade. Tontices sem qualquer razão de ser, aleivosias torpes, verdadeiro apartheid entre quem mais pesa e quem pesa menos. Mas, também existe o reverso da medalha: gordura é formosura. E a tradicional boa disposição dos a atirar mais para o cheio é constatável quotidianamente.

Posto isto, que já não é pouco, a que vem este alerta, aliás justificadíssimo? A ameaça contra os verdadeiros repletos veio da Alemanha. Que dá guarida a gente dessa quantidade, numa proporcionalidade que esclareço: dois terços dos machos e metade das fêmeas. Anteontem, um deputado do Partido Cristão-Democrata (CDU), defendeu que “os gordos devem pagar um imposto para compensar os gastos de saúde devido à sua excessiva carga corporal”, segundo avançou o jornal Bild.

O parlamentar – neste caso, melhor, o para lamentar – germânico, de seu nome Marco Wanderwitz, acentuou que, “é preciso discutir se os custos avultados que resultam de uma alimentação excessiva devem ser assumidos a longo prazo pelo sistema de saúde”. O homem, que tem 34 anos e é dirigente da juventude cristã-democrata, acrescentou também que “quem tem uma vida pouco saudável, voluntariamente, deve assumir a responsabilidade financeira por ela”. Para o que lhe havia de dar. Como se um anafado entrasse num restaurante, comesse à tripa-forra e, no final do ágape, mandasse a conta para Berlim. Que despautério.

O alegado representante (mais creio que seja dos eleitores magros, dos esbeltos, dos petrónios) não é de modos. Tomem lá imposto, anafados de uma figa, percentagem da taxa não especificou, mas penso que seja progressiva. Ou seja, um obeso militante deveria ficar com uma alcavala de 35%. Longe vá o agouro, num País como o nosso, onde a banha é documento, Teixeira dos Santos, no caso de tentar pôr em prática a medida, arriscar-se-ia a ser defenestrado do alto do Torreão do Terreiro do Paço.

Aqui fica, in fine, a palavra de ordem que se torna justificadíssima perante este atentado à liberdade gastronómica. Gordos unidos jamais serão vencidos! Recurso à greve da fome - nunca!